quarta-feira, 6 de junho de 2012

Quem é Kwen Khan?



Kwen Khan é um absurdo. É um espectro imaginário gestado na cabeça de um senhor que poderia muito bem se passar por Sancho Pança - se levássemos em conta sua fisionomia e a falta de sal na moleirinha -, mas que é, na verdade, a encarnação própria de Dom Quixote, tamanho o desvario de sua imaginação.

Kwen Khan é um tirano. Com suas aventuras fantasiosas vai desbravando o mundo a construir miragens que fascinam os incautos. Pudera, a julgar pelos seus discursos entusiastas e suas obras que aparentam pura filantropia, o andarilho desavisado, desapontado com a monotonia e falta de sentido de sua vidinha, prefere escapar do mundo real para se tornar coadjuvante do conto de fadas. Integrado ao roteiro, o novo personagem logo aprende as regras do jogo:  não há lugar para improvisações , o melhor é abandonar sua vontade própria e deixar o chefe reger sua atuação, intrometendo-se até mesmo nos pormenores de sua vida privada. O enredo – incluindo a moral da história - deve exaltar sempre os feitos do diretor-protagonista. A autonomia vai aos poucos se esvaindo até se reduzir a um espetáculo mecânico de prostrações contínuas, tal qual vaquinhas de presépio diante de um deus recém-nascido.

Kwen Khan é um mitômano. Se anuncia como entidade sagrada entre os homens, porta-voz da “Loja Branca” e de todos os habitantes do Paraíso. Suas ações e palavras presumem-se ser sempre meticulosamente arquitetadas, constituindo, neste mundo físico, a expressão perfeita dos desideratos divinos.

Kwen Khan é um idiota. Em grego, “idios” significa “o mesmo”. “Idiotes” ou “idiota”, é o sujeito que nada enxerga além dele mesmo, que julga tudo pelo seus próprios critérios. Tudo que habita em suas fantasias é bom e certo, e todos os que querem nelas habitar são fiéis e idôneos. Todo o resto é negro.

Kwen Khan é um mentiroso. E o pior mentiroso é aquele que acredita em sua mentira. Persuadido por si mesmo, não precisa fingir, parecendo honesto. De tão convencido acaba por convencer a outros. E no final todos acabam enganados, não percebendo que toda esta mirabolante engenhoca é tão  só um moinho de vento.