A mentira tem perna curta. Como numa casa mal construída, o tempo se encarrega de mostrar suas falhas. Não importa quantas camadas de pintura são aplicadas para esconder suas rachaduras e infiltrações, pois, cedo ou tarde, tudo acaba indo abaixo.
A melhor maneira de descobrir uma mentira é participando dela sem nenhum julgamento. Estando dentro e em estado receptivo, incorporamos os trejeitos do meio: a maneira de reagir, de raciocinar, de justificar, etc. Alcançado um certo grau de identificação mútua, é estabelecida, por conseguinte, uma relação de confiança: a parte confia no todo, e o todo reconhece esta parte como sua. Nesta condição, pode-se conhecer mais da mentira. Isto porque, para os “de fora”, ela se esforça em passar uma imagem mais formal, cheia de protocolos; mas com seus familiares ela fica à vontade, deixando à mostra vários aspectos reveladores de si mesma, e permitindo revelarem-se outros tantos mais.
Eu gozava desta relativa familiaridade dentro da AGEAC. Por ter crescido neste meio e ainda ser agraciado pelo destino com uma posição privilegiada dentro dela, pude me relacionar diretamente não só com pessoas investidas em cargos importantes, mas também com o próprio Coordenador Internacional. E por ter feito carreira na Associação, tornando-me um de seus difusores, adquiri livre acesso a todos eles, para assuntos institucionais, doutrinais e mesmo espirituais. Enfim, posso dizer que eu era um hóspede bem-vindo nesta família e contanto me comportasse bem, continuaria a receber dela incentivo e suporte.
Entretanto, como era repetidamente dito lá dentro, não estávamos ali para aproveitar do circulo social, tragar alguns puros e formar um grupo de amigos. O grupo só tinha razão de ser se promovesse os anseios espirituais de seus membros, ou seja, se estimulasse a cada um em sua busca pela Verdade. Mas e se algum de nós descobrisse algumas verdades sobre os próprios anfitriões, continuaríamos a ser bem-vindos ali?
Bom, acho que as respostas a esta pergunta são unanimes. O que diverge é a justificativa de cada um dos lados. De minha parte, valho-me de uma confrontação lógica do discurso vigente com a realidade mais patente e com os valores universalmente aceitos. De outro lado, os “de dentro” se aferram a raciocínios evasivos e explicações escorregadias. Isto quando não utilizam sua arma mortal, capaz de calar o importuno oponente que acha que os encurralou entre os muros do admissível: os incríveis argumentos nirvi-kalpa-esotéricos, que ultrapassam a barreira da compreensão humana.
Para piorar utilizam o velho truque barato da persuasão emocional, tentando convencer aos outros fazendo-se de coitadinhos. “Ingrato”, dizem eles comovidos, “nós o tratamos tão bem e é assim que ele nos paga”. Esquecem que reagindo assim se enquadram no comportamento típico de fingidos, impostores e gente sem consciência moral alguma. Acostumados às elevadas elucubrações esotéricas, esqueceram-se das lições mais pueris. Como castigo, deveriam descer das nuvens e voltar aos bancos de escola e rever, junto com as criancinhas, os velhos contos de fadas. Iriam ver suas reações refletidas na figura da madrasta quando esta fica sabendo da possibilidade de que sua criada, Cinderela, se veja livre de suas garras e se torne uma princesa. Se fazendo de vítima traída, a madrasta utiliza de todo sua lábia serpentina para que Cinderela sinta pena dela e volte ao seu poder.
Mas à parte de todo este jogo de disfarces, cada um deve, em algum momento de sua vida, questionar-se sobre seu próprio lugar e função no mundo. Para saber se a associação era meu lugar, teria que analisá-la objetivamente, sem os temores reverencias característicos do ambiente.
E eu sabia que só chegaria a uma conclusão definitiva se colocasse à prova o pilar de sustentação da Associação: a maestria de Kwen Khan. A inspiração me veio das próprias indicações dele. Ele vivia dizendo que devemos ser um pouco como o Apóstolo Tomás e tocar as chagas para saber se são de verdade. Ele mesmo contava com entusiasmo várias anedotas em que provava o Mestre Samael. Certa vez pediu a este que adivinhasse e descrevesse o local onde se encontrava quando os dois, separados por distâncias quilométricas, sustentavam uma conversa telefônica.
Mas como poderia eu fazer este teste se, para tal, precisaria entrar num terreno no qual não tinha acesso (os mundos internos)? Certo dia, assistindo a um filme, tive a seguinte ideia: “não posso ir lá nos mundos internos para saber se ele é objetivamente uma verdade. Mas se eu ‘planto’ lá uma mentira ele terá que reconhecer esta falsidade”.
Bolei então um plano. Inventei um sonho, ou melhor, uma experiência interna, em que Kwen Khan estava presente. Tudo fruto de minha imaginação, nada realmente aconteceu, nem em sonhos nem em lugar nenhum. Coloquei tudo num e-mail, enviei para ele e perguntei se a experiência era verdadeira:
Querido Maestro,La noche pasada tuve un sueño contigo. Tenías una espada en la mano y venía para me dar algunos consejos. La mayoría de ellos era a nivel sexual. Mientras hablabas, movías tu espada y, con el movimiento, ella se encendía en llamas. Me recuerdo que me has enseñado un mantram para transmutación: HASTÍ (creo que es esto) con la "H" se pronunciando como un suspiro.Quería saber se esto fue realmente una experiencia real y, en consecuencia, si el mantram esta correcto y si se puede usarlo?Gracias!Hugo
No dia seguinte já tinha resposta:
La experiencia es real y el mantram también, puedes usarlo.Kwen Khan
Perplexidade. Li e reli a troca de e-mails milhares de vezes para ter certeza de que o que eu estava lendo era aquilo mesmo. Não pude acreditar. Naquela época ainda acreditava na associação e em Kwen Khan. Não poderia ser verdade.
Resolvi tentar novamente. Inventei outra situação, agora uma visão dele durante uma atividade de segunda câmara. Uma atividade que nunca poderia ter acontecido pois, naquela época, o Lumisial estava fechado há meses (e nunca foi por mim reaberto).
Resolvi tentar novamente. Inventei outra situação, agora uma visão dele durante uma atividade de segunda câmara. Uma atividade que nunca poderia ter acontecido pois, naquela época, o Lumisial estava fechado há meses (e nunca foi por mim reaberto).
Querido Maestro Kwen Khan,Recomenzamos, después algunas resistencias, nuestras actividades litúrgicas. Hicimos la misa este 27 de noviembre. Estaba muy animado para recomenzar de la mejor manera posible. Entonces, reservé el día de sábado para el recogimiento, oraciones y ayuno. Antes de comenzar la Misa, hicimos la invocación del Maestro Samael y del Maestro Kwen Khan. Para mi sorpresa y alegría, en un momento de la misa, estando con mis ojos cerrados, vi su rostro por una fracción de segundos pero de forma muy clara. No sé si tú estabas aquí realmente o era alucinación mia, pues estaba en ayuno.Me gustaría saber, si realmente estuvistes aquí, como sentisteis la Segunda Cámara? Estaba con fuertes conexiones con los mundos internos? Todos nosotros sentimos mucha fuerza. Gracias!
E a resposta:
Muy querido hermano he estado allí en espíritu y en verdad.Kwen Khan
Em espírito e em verdade... Estas palavras ecoaram infinitamente em minha mente e em meu coração. Quando veio o silêncio, me decidi: quero saber que espírito e que verdade era aquela. Minhas conclusões, escrevo neste blog.
Fica aqui, portanto, este relato, para que todos aqueles que também estão em dúvida possam aproximar seus dedos e tocar estas chagas. Só não estranhem se, de uma hora para outra, a ferida arder demais, ao ponto de Kwen Khan proibir as pessoas de perguntarem para ele sobre experiências místicas e astrais.
Os e-mails mencionados se encontram abaixo: